Na Escola Municipal Duljara Fernandes de Oliveira, o projeto Jiu-Jitsu Escolar 2025 une disciplina, defesa pessoal e valores socioemocionais, mostrando que a arte suave vai muito além do tatame.
Um projeto que forma corpo, mente e caráter
Duas vezes por semana, quarenta alunos da Escola Municipal Duljara Fernandes de Oliveira, em Sorocaba, trocam o uniforme pelo quimono e mergulham no universo do jiu-jitsu e da defesa pessoal. O projeto faz parte do Programa Fight & Smart, uma iniciativa que leva a arte suave para o ambiente escolar, com uma proposta pedagógica que combina ensino técnico, desenvolvimento emocional e vivência prática de valores como respeito, cooperação e autocontrole.
Mais do que aprender golpes e posições, os alunos aprendem a se conhecer e a confiar em si mesmos. O tatame se torna um espaço de convivência e superação, onde cada movimento é uma oportunidade de exercitar a paciência, a atenção e a empatia.
Como funciona na prática
O método aplicado nas aulas do Projeto Jiu-Jitsu Escolar 2025 é resultado de uma construção pedagógica que une técnica, ludicidade e reflexão. Cada encontro é pensado para desenvolver não apenas habilidades físicas, mas também competências socioemocionais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Por exemplo, em uma das primeiras aulas, intitulada “Movimentação no solo e controle de distância”, os alunos aprenderam a se proteger em situações simuladas de risco, com as costas no chão. O treino começou com exercícios de percepção espacial e controle de base, usando o movimento de gangorra para manter o centro de gravidade estável.
Na parte prática, um aluno ficava em pé e o outro deitado no tatame: o primeiro tentava tocar a cabeça do colega, enquanto o segundo precisava controlar a distância e reagir com agilidade. A atividade, conduzida de forma lúdica, estimulou o equilíbrio, a coordenação motora e o autocontrole, que são os pilares essenciais da defesa pessoal.
“Quando o aluno entende que controlar a distância é mais importante do que reagir com força, ele começa a compreender o verdadeiro sentido do jiu-jitsu: vencer o medo com técnica e consciência”, explica o professor Beto Nunes.
Já nas aulas de defesa pessoal, o foco está nos movimentos em pé. Em uma delas, intitulada “Defesa pessoal: base e low kick”, os alunos praticaram a base, a guarda e o chute baixo (low kick), aprendendo a equilibrar força e precisão.
Após um aquecimento dinâmico, o grupo treinou a postura corporal e o controle de impacto, sempre em duplas. O encerramento aconteceu com uma atividade de queimada adaptada, em que os participantes precisavam manter a guarda alta enquanto se movimentavam. Assim, o aprendizado técnico foi transformado em brincadeira. E a disciplina, em diversão.
Essas práticas mostram que o método Fight & Smart vai além da repetição de golpes: ele cria um ambiente em que o erro é parte do aprendizado, e o respeito ao parceiro é tão importante quanto a técnica.
Educação integral e resultados visíveis
O projeto dialoga com as competências gerais da BNCC, promovendo o desenvolvimento físico, emocional e social das crianças. As aulas contribuem para aprimorar autocontrole, empatia, disciplina e foco, qualidades que se refletem no comportamento dentro e fora da escola.
Uma avaliação diagnóstica a ser aplicada ao final do semestre corroborará a percepção dos envolvidos no projeto, ou seja, de que os alunos estão mais confiantes, concentrados e colaborativos, e que o clima em sala de aula melhorou significativamente. O tatame, nesse contexto, torna-se um laboratório de convivência, onde se aprende tanto com o corpo quanto com o coração.
O caminho até a demonstração pública
Em dezembro, o projeto culminará com um evento de demonstração, no qual os alunos apresentarão sequências técnicas de jiu-jitsu e defesa pessoal para a comunidade escolar. As últimas aulas do ano serão dedicadas aos ensaios e simulações, fortalecendo a cooperação e o espírito de equipe.
Mais do que uma exibição, será a celebração de um percurso de crescimento pessoal e coletivo, caracterizando-se como uma forma de mostrar que o verdadeiro combate é o esforço diário para se tornar uma pessoa melhor.
Um exemplo de educação através do movimento
O Programa Fight & Smart mostra que o jiu-jitsu pode ser muito mais do que um esporte: é uma ferramenta de formação humana. Em cada queda e em cada recomeço, as crianças aprendem que força e gentileza caminham juntas. Acima de tudo, a autodefesa começa com o autoconhecimento.

